quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Como parar a pirataria

É preciso enfrentar esta verdade simples e incómoda: a cópia ilegal de conteúdos digitais não se pode parar. Seria o mesmo que tapar o sol com uma peneira. Trata-se de uma verdade universal que resulta da evolução tecnológica. É verdade tanto no caso dos conteúdos não protegidos por DRM, como no caso dos conteúdos protegidos.

No século XIX os alfaiates luditas destruíam máquinas de costura, tentando negar a evolução tecnológica que se avizinhava. Não conseguiram. A marcha da tecnologia e a sua penetração na sociedade e na economia acabaram por mostrar quão vã era essa contestação e essa choraminguice.

No caso dos conteúdos digitais assistimos ao mesmo fenómeno. A possibilidade de combater a cópia ilegal está fortemente ligada à possibilidade de se reprimirem as transações ilegais de suportes físicos, como DVD ou livros. Se não existem esses suportes, fica mais difícil, para não dizer impossível...

Deve desistir-se de perseguir os infratores, em particular os que atuam em maior escala? Não.

Devem os detentores de direitos de autor (e outros interessados na cadeia de valor dos conteúdos) procurar uma forma de negócio alternativa? Sim. Porque o futuro já não passa por vender caixas com CDs, DVDs, ou mesmo livros.

Neste setor, como em todos os outros, o futuro passa por entender o que o cliente pretende e o que o cliente precisa.

O que o cliente precisa, hoje e sempre, é acesso.

Ele precisa de acesso às obras, neste momento, em casa, na escola, no carro, através do telemóvel, do computador, e o mais que houver. Long tail. Pesquisável.

O cliente precisa de encontrar o que procura e até mesmo aquilo em que vagamente pensou e não sabe que existe.

Quem souber materializar esta visão terá lugar no futuro, esmagando a cópia ilegal. Quem não souber, poderá sempre tentar parasitar o público, espremendo umas raspas de megabyte através da lei da cópia privada.


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